Neste domingo celebramos o dia de Cristo Rei. E temos como evangelho indicado o texto de Lucas 23,35-43, no qual Cristo aparece sendo insultado pelos chefes do povo, os soldados zombam de sua situação na cruz, inclusive um dos bandidos que estavam sendo crucificados junto com Jesus resolve zombar de Jesus. Mas, mesmo assim ao final Jesus aparece em seu papel principal, o de Salvador do mundo, ao prometer o paraíso ao pecador arrependido.
De qualquer forma este é o final de semana que devemos refletir sobre o poder. Palavra, que de certa forma é muito mal usada em nossa sociedade. Em nossos dias o poder é idolatrado. É de se destacar que a busca pelo poder é uma busca bem humana; e é uma busca que invade até a vida eclesial. O ser humano gosta de lugares de destaque, honra e glória. Já diz um ditado popular: “se queres conhecer uma pessoa de verdade dê-lhe poder e dinheiro”. Mas, a verdade é que somente “um imperialismo é cristão, aquele que diz respeito a sua Majestade Imperial o Senhor Jesus Cristo, a um desejo pela glória de seu Reino, pela honra de seu nome” (J. Stott). O cristão deve ser marcado com a humildade e pelo serviço.
A melhor forma de observarmos como o poder de Deus se manifesta é acompanharmos principalmente a epístola de I Coríntios. ICor 1,18- 25 nos fala sobre a fraqueza da cruz é o poder de Deus. Os judeus exigem poder (um Cristo que fizesse muitos milagres / demonstrações fantásticas de poder); os gregos procuram sabedoria (alguém que fale muito bem, seja um grande sábio); enquanto os cristãos pregam à quem? À Cristo Crucificado. A característica dos discípulos de Cristo não é nem 'pedir'(poder), nem 'buscar'(sabedoria), mas “proclamar” o Evangelho do Cristo crucificado.
A cruz era um absoluto escândalo para aqueles que adoram o poder. Para termos uma melhor compreensão, na época do império romano a condenação à cruz era destinada aos criminosos mais perigosos, sendo assim, a morte mais dolorosa e humilhante. No AT temos a afirmação: “maldito o que for pendurado no madeiro” (Dt 21,23). Por isso da grande dificuldade dos judeus e outros povos da época aceitarem a pregação da cruz. Agora, para quem se põe à caminho, o caminho do discipulado, para este a cruz é a maior demonstração de amor de Deus por seu povo.
“Na cruz Deus demonstrou tanto sua justiça (fomos justificados gratuitamente - Rm 3,25), quanto seu amor (Cristo se entregou por nós, sendo nós ainda pecadores - Rm 5,8). Nesta dupla demonstração de sabedoria de Deus se revela sua sabedoria na loucura da cruz, seu poder na fraqueza” (J. Stott).
Um povo limitado: Deus escolheu fracos para envergonhar os fortes (ICor 1,26-31). “De um modo geral os coríntios não pertenciam à sociedade intelectual, às lideranças influentes da cidade ou à sua aristocracia. Não, em geral seriam considerados como pessoas sem instrução, insignificantes, pobres e socialmente excluídas, sendo provavelmente escravos (7,21). Mais um exemplo de que o poder de Deus foi manifesto na fraqueza humana” (J. Stott).
Um evangelista limitado: O poder por meio do evangelista Paulo (ICor 2.1-5). Paulo usa seu exemplo para mostrar como as maravilhas de Deus se manifestaram através de sua pessoa e ministério, e fala-nos o apóstolo de seu total desprendimento de retórica e de sabedoria, apenas o Cristo, este crucificado.
Saulo, o jovem centurião judeu, perseguidor dos cristãos durante muito tempo, tudo em nome da fé judaica, buscando assim o reconhecimento e o seu espaço entre os principais judeus. A caminho de Damasco, onde iria perseguir os cristãos uma luz vinda do céu o envolveu e caindo por terra ouviu uma voz que dizia: “Saulo, Saulo porque me persegues”. Perguntou Saulo: “Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem persegue; mas levanta-te e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer” (Atos 9,4-6). Foi nesse momento que ele perde a visão, que é recuperada somente quando é batizado. Ao se converter muda o seu nome, agora é Paulo, demonstrando assim sua total mudança de vida.
Deus escolhe as coisas fracas e humildes do mundo para se manifestar, a fim de que ninguém possa se vangloriar (confiar ou orgulhar-se em algo para honra e felicidade própria; Tudo o que somos e temos pertencem ao Senhor, dessa forma aquele que se gloria, glorie-se no Senhor, Cristo, Maravilhoso Senhor; Pois ele é nossa sabedoria). Ele é nossa justiça. Ele é a nossa redenção. Nossa salvação passada, presente e futura. Ele é o Senhor de nossas vidas, por isso, tudo que somos e temos deve ser para a sua glória.
“Temos uma mensagem frágil (Cristo crucificado), proclamada por pregadores vulneráveis (cheios de temor e tremor – medo) recebida por ouvintes impotentes (socialmente rejeitados). Pois Deus escolheu um frágil instrumento (Paulo), para levar uma mensagem frágil (a cruz) a pessoas frágeis (a classe operária de Corinto). Mas por meio dessa tríplice fragilidade, o poder de Deus era – e ainda é – manifestado” (J. Stott).
sábado, 24 de novembro de 2007
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