quinta-feira, 29 de julho de 2010

2º CONCÍLIO REGIONAL

Aos vinte e cinco dias do mês de julho do ano de dois mil e dez às dez horas da manhã nas dependências da Missão do Espírito Santo em Horizontina-RS, deu-se o início com a Celebração Eucarística o segundo Concílio Regional da Região Diocesana Noroeste, Diocese Sul Ocidental da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil. Em seguida o Arcediado regional Reverendo Antônio Ryscak citou os assuntos a serem tratados. Estiveram presentes doze representantes de duas comunidades da Região Diocesana Noroeste, Missão do Espírito Santo e São Miguel e Todos os Anjos. Constata-se também a ausência dos representantes das Comunidades, Missão Santa Mônica, Ponto de Evangelização São Francisco e Ponto de Evangelização Santa Maria. Após foi feita leitura e estudo das recomendações e propostas do Concílio Diocesano. Em seguida foi feita uma longa explicação sobre o PED (Plano Estratégico Diocesano), onde surgiu vários questionamentos com relação do andamento do mesmo. Foi explanado pelo Rev. Arc. Antônio Ryscak e pelo Sr. Ricardo Cordeiro, secretário do bispado, sobre os cursos de formação que são oferecidos pela Diocese, através do CETESMA (Centro de Estudos Teológicos de Santa Maria) em parceria com o SETEK (Seminário Teológico Dom Egmont Machado Krischke, reforçando-se a idéia do grande e qualificado esforço que vem sendo feito na formação teológica na Diocese. A Região Diocesana Noroeste pede que a recomendação, “que se crie um Grupo Gestor formado por profissionais especializados, de forma voluntária, para ajudar na administração diocesana para saneamento das finanças”, se torne proposta no próximo Concílio Diocesano. Após o Rev. Arc. Antônio Ryscak apresentou o regulamento dos leigos, o qual é composto pelo texto do Cânon 10 dos Cânones Diocesanos do Regulamento dos Leigos mais a compreensão da Região do uso do termo sócio/contribuinte ao se referir as famílias membro, trazendo orientações quanto a vida da igreja regional. A partir de então este documento passa a ser observado em sua integra conforme aprova este Concílio Regional. Sendo assim concluído o segundo Concílio Regional da Região Noroeste, Diocese Sul Ocidental da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil as quatorze horas e trinta minutos. Nada mais havendo a tratar eu, Míriam Lopes Ryscak, secretária deste Concílio Regional, lavro a presente ata que depois de lida e aprovada será devidamente assinada.




domingo, 18 de julho de 2010

COMO LEIO A BÍBLIA?

Há alguns domingos atrás fomos colocados, pelo Calendário Cristão, diante de um texto bíblico que nos faz refletir sobre a leitura da Bíblia. O texto é do evangelho de São Lucas 9,51-56, onde Jesus e seus discípulos estão à caminho de Jerusalém e são levados a passar por um povoado de samaritanos onde querem se hospedar. Por causa de uma grande rivalidade religiosa e cultural existente entre judeus e samaritanos, a hospedagem foi negada. A reação dos discípulos Tiago e João foi citar um texto bíblico expressando o desejo de mandar descer fogo do céu.

A motivação da negação da hospedagem a Jesus e seus seguidores por parte do povo samaritano, bem como da reação dos discípulos, Tiago e João, é a grande rivalidade religiosa cultural existente entre Judeus e Samaritanos. Quando os habitantes do povoado samaritano perceberam que era um grupo de judeus a caminho de Jerusalém, sem pensar muito, negaram-lhes a hospedagem. Por sua vez, os discípulos tomados de grande insatisfação e raiva, imediatamente queriam o julgamento e condenação dos samaritanos.

A rivalidade entre judeus e samaritanos tem origem muito antiga. Vejamos que no livro de Eclesiástico, capítulo 50, temos o seguinte provérbio: “Há duas nações que minha alma detesta e a terceira que nem sequer é nação: os habitantes da montanha de Seir(Samaria), os filisteus e o povo estúpido que habita em Siquém” (Eclo 50,25-26). Deve-se ter, também, em mente quais os povos que habitavam o território de Samaria, os quais provem de inúmeros lugares como Babilônia, Cuta, Ava, Emat e Sefarvaim (Conf. 2Reis 17, 24). Esta mistura de culturas e raças, também tem misturas de crenças, uma diversidade de deuses, aos quais se construíram altares, o que seria muito estranho ao povo judeus que seguia o Deus único. E essa não aceitação dos judeus para com seus visinhos samaritanos, levava a julgamentos e condenações de uns para com os outros.

No texto do evangelho de Lucas 9,51-56 essa rivalidade faz com que dois judeus, julgando-se os corretos, religiosos zelosos lembram de um acontecimento na vida do profeta Elias descrito no livro de 2Reis em seu primeiro capítulo. Como “corretos” se concederam o direito de julgar e condenar, mas eis a resposta de Jesus: “não sabeis de que espírito sois. Pois o Filho do Homem não veio para perder a vida dos homens, mas para salvá-la”.

A condenação tem uma fundamentação bíblica, mas eis o grande problema deste tipo de citação da Palavra. Ah! Então quer dizer que pode existir problemas e distorções na citação da Bíblia? Sim! “Geralmente as pessoas se rendem a qualquer citação bíblica feita por outros para justificar preconceitos. Às vezes nós mesmos citamos as escrituras equivocadamente ou com outras intenções, com uma disposição, princípio ou ‘espírito’ diferente do evangelho. Qual era a motivação de Jesus? Ele mesmo afirmara que não veio ao mundo para destruir as pessoas, mas para salvá-las” (PÃO DA VIDA, Comentário ao Lecionário Anglicano. Ano C. Rev. Carlos Eduardo Calvani).

Como discípulos, seguidores de Jesus e batizados em seu nome, somos chamados a seguir os passos de nosso Mestre. Fazer o que Jesus fazia. Falar o que Jesus falava. Mas, quantas e quantas vezes somos tomados de ódio, rancor ou vingança e, quem sabe, até fazemos uso da Palavra de Deus para julgar e condenar nossos irmãos. Julgando-nos no direito de condenar alguém. Na verdade estamos é possuídos pelo mal e muito distantes dos ensinamentos de nosso Senhor. Estamos vazios de amor, o sentimento, que segundo Jesus, deveria reger nossas relações.

Este acontecimento narrado no evangelho de São Lucas nos faz refletir sobre a leitura da Bíblia. Como estamos fazendo uso da Palavra de Deus? Enfeite de gaveta ou estante? Livro de auto-ajuda? Ou fonte de Vida Plena? Segundo o apostolo Paulo “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para instruir, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, afim de que o homem de Deus seja perfeito, qualificado para toda boa obra” (Timóteo 3,16-17). Mas, sempre deve ser lida e compreendida de acordo com seu contexto, nunca devemos citar versos soltos, sem olharmos o que vem antes e o que virá depois. Olhemos para o sermão do monte onde Jesus está ensinando seus discípulos e diz o seguinte: “ouviste o que vos foi dito: olho por olho e dente por dente” (Mateus 5,38), se isolarmos este versículo chegaremos a uma conclusão totalmente contraria aos ensinamentos de Jesus e a Lei do Amor, por Ele tão enfatizada. Mas, sigamos a afirmação se Jesus em seu verso seqüente: “Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa” (Mateus 5,39-40).

A leitura da Bíblia deve ser sempre em clima de oração, para que o próprio Deus através do seu Espírito Santo seja o guia e orientador. A Bíblia não é um simples livro de auto-ajuda ou algo semelhante, e sim a Palavra de Deus revelada na qual temos relatada “a estória de gente que, no meio da situação confusa, conflitante e contraditória foi dada a ouvir e ver a ação de Deus nos clamores e eventos humanos e balbuciar o que entenderam e ver novos horizontes” (Dom Sumiu Takatsu, Bispo da Diocese Anglicana de São Paulo)

Que Deus nosso Senhor, nos oriente e conduza na compreensão da sua Verdade. E que a seu Espírito Santo nos guie na superação de tudo o que diminui a nossa dignidade de seres humanos e filhos de Deus.