O mês de novembro inicia-se com um dia santo, ou melhor, com o dia de Todos os Santos. Quando dizemos santos não estamos nos referindo àquelas pessoas que foram canonizadas pela Igreja - lembrando que a canonização somente é feita pela Igreja Católica Romana - e também não estamos falando dos apóstolos e evangelistas. Também deles. Nós estamos falando de todas aquelas pessoas que hoje não estão mais conosco, estando na presença do Pai, o louvando e bendizendo. Estão na Comunhão de todos os Santos. É sempre bom lembrar de um canto do Rev. Jaci Maraschim que diz: “Um santo de Deus, qualquer um pode ser, e sempre com Deus viver”, não são aqueles que nós escolhemos e sim aqueles que Deus chama e capacita. Todos são chamados à santidade.
A morte sempre foi o pior inimigo do ser humano. Temos dentro de nós uma vontade de sermos eternos, imortais. Isso mostra que o ser humano nunca aceitou limites, conclusões. E de certa forma isso é bom, temos uma enorme vontade de viver, e só assim que fomos capazes de evoluir, facilitar o trabalho, desenvolver a ciência, a medicina. Claro que isso elevou em muito a nossa qualidade de vida e conseqüentemente a média de idade. Se compararmos uma pessoa do tempo de Moisés com uma de nosso tempo é certo que a ultima vive mais que o dobro do que a primeira. Mas nossa busca por imortalidade não chegou ao fim, a medicina evolui a cada dia que passa, a ciência foi capaz de afirmar que é possível fazer clones. E assim é o ser humano sempre buscando ser Deus.
Outro problema é um sentimento muito caro para nós os seres humanos, a saudade. Somente o português tem esse termo que explica a dor da distância, e da falta que uma pessoa querida pode nos causar. Se ficar longe já é difícil, imagine então saber que não verá a pessoa amada nunca mais. É claro que nos desesperamos, choramos. Sentindo-nos limitados e sem poder fazer nada diante da morte. Neste desespero muitas vezes saímos atrás de filosofias que tentam nos por em contato com os nossos ente queridos e ao invés de continuarmos o ciclo normal da vida passamos a viver na ilusão.
É claro que essa dor é compreensível, quem de nós não chorou ao perder uma pessoa amada. O choro não é uma atitude anti-cristã. O próprio Cristo chorou ao saber da morte de seu amigo Lásaro. Agora, como cristãos fomos criados na fé da ressurreição. A Sagrada Escritura que é para nós Palavra de Deus tem inúmeras afirmações referentes à ressurreição. Temos nela a garantia de que a vida não tem fim na morte, principalmente porque Cristo o Filho de Deus, ao morrer venceu a morte, nos concedendo a vida eterna/ a vida plena em Deus.
Quem nos ensinou que a morte não é um fim foi ainda Moises, a aproximadamente 3000 anos atrás, ao proclamar e invocar o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó. Na sua época esses três patriarcas estavam mortos, porque então ele os lembraria? Vários séculos depois dos patriarcas, Deus se revelou a Moisés como o Deus de Abraão de Isaque e de Jacó (Êx 3,6), se estes não fosses seres humanos vivos, se não estivessem na sua presença, Deus não poderia ser seu Deus, ou seja, Deus de pessoas inexistentes. Moisés tinha assim plena certeza de que os patriarcas estavam na presença de Deus. Essa referência é o próprio Cristo que fez ao dizer: “Que os mortos hão de ressuscitar, Moisés o indicou no trecho referente à sarça, quando chama ao Senhor o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó” e Jesus complementa “Ora, Deus não é um Deus de mortos, e sim de vivos; porque para ele todos vivem” (Lc 20,38).
Amados irmãos, a saudade invade nossos corações toda vez que nós nos lembramos das pessoas queridas que não se encontram mais conosco. Eu, por exemplo, toda vez que me lembro de minha mãe, tudo que ela significou para mim, meus olhos se enchem de lágrimas, mesmo tendo a plena certeza de que ela, sendo uma pessoa de muita fé hoje goza de plena paz e alegria na presença de Deus. Podemos sim ficar tristes, chorar, não devemos perder nossa fé, Cristo afirmou que não nos deixará órfãos (Jo 14,18), ou seja, Ele nunca nos abandonar. No evangelho de São Mateus Jesus afirma: “eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28,20) . Ele foi a nossa frente nos preparar um lugar. Em São João Cristo afirma “de fato, a vontade de meu Pai é que todo ser humano que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna” (Jo 6,40).
A morte é parte da existência humana, ou melhor, parte da existência de todo ser vivo. Uns nascem outros morrem, o ciclo natural da vida segue. Enquanto uns vão para Deus, estando agora na sua presença, o louvando e bendizendo, outros seguem o seu caminho a vida não pode parar. No prefácio do LOC reservado para o dia de Todos os Santos oramos assim: “Que, na multidão de teus Santos, nos cercaste com tão grande nuvem de testemunhas, para que, alegrando-nos em sua comunhão, corramos com paciência a carreira que nos está proposta e juntos recebamos todos a imperecível coroa da glória”.
Hoje temos diante de nós as afirmações das Sagradas Escrituras nos dando plena certeza da vida eterna, da vida plena em Deus. Precisamos ter fé nestas afirmações pois elas são a Palavra de Deus. Segundo o apostolo Paulo “agora, vemos como que em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido” (ICor 13,12).
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