Em um mundo cada vez mais secularizado é de certa forma até compreensível que a sociedade vá deixando de lado as palavras e ensinamentos de Jesus, mas quando isso ocorre na Igreja isso choca muito mais a qualquer um de nós.
Ao estarmos vivendo um momento de grande importância na vida de nossa Diocese Sul-Ocidental, a sagração do nosso próximo bispo diocesano, fomos surpreendidos por uma atitude, no mínimo, indelicada vinda de nossos irmãos católicos romanos. Primeiro, o Bispo Católico Romano da Diocese de Santa Maria, Dom Hélio Adelar Rubert cede sua catedral para este acontecimento, de uma hora para outra, e faltando menos de um mês, muda de opinião e cancela a cedência . A explicação está no fato da Igreja Episcopal Anglicana ordenar mulheres e gays.
Duas colocações a esse respeito são necessárias: primeiro o fato de que não existe nenhuma afirmação bíblica que impeça mulheres a serem líderes de comunidades religiosas, até por que, são a maioria dos cristãos; segundo, não se pode fechar os olhos em dizer que é só na Igreja Episcopal Anglicana que temos reverendos e bispos gays, a única diferença é que nessa Igreja estes não precisam esconder de ninguém sua sexualidade. Outro fato que vem a tona é a questão: em algum momento de sua caminhada entre nós Jesus impediu que alguém se achegasse a Ele?
É importante também destacar que outros quatro bispos anglicanos já foram sagrados em templos católicos romanos, em tempos em que já tínhamos ordenação de mulheres e em algumas igrejas da comunhão já tínhamos a ordenação de pessoas homossexuais, é claro, pessoas que se declaravam abertamente ser homossexuais.
Quando fizemos um pedido de oração e não vemos este ser atendido de forma imediata, muitas vezes até nos rebelamos contra Deus, imaginemos então a situação de Jesus diante de tal acontecimento, que em outras palavras, foi um balde de água fria em cima do ecumenismo. No evangelho de São João 17, 20-21 temos a seguinte prece de Jesus: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; afim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que me enviaste”. A tristeza de Jesus, diante de tal atitude e de outras tantas entre nós cristãos, que nos entocamos dentro de nossos guetos, é clara, mas principalmente pelo fato de nos considerarmos ainda seus discípulos. Discípulos que estão colocando a cada dia que passa mais um prego na cruz de seu Mestre.
A oração de Jesus traz em suas últimas afirmações algo muito sério e que no mínimo deve nos deixar um pouco preocupados: “para que o mundo creia que me enviaste”. Como o mundo vai crer, vai aceitar a Cristo como o enviado de Deus, se os seus “discípulos” não sabem viver em harmonia? Em vez de darmos um testemunho, estamos dando um des-testemunho da fé cristã.
Mas nada e ninguém vai impedir que seja este um momento muito abençoado na vida da Diocese Sul-Ocidental, pelo contrário, vai animar e desafiar que mais gente se faça presente a este acontecimento, e também nos fortalecer como cristãos anglicanos em seguir sendo uma Igreja aberta ao diferente e a cima de tudo uma Igreja inclusiva, pois, é essa a atitude que vemos em Jesus, ao deixar mulheres conversarem com Ele e inclusive tocarem nele, assim como deixou se achegarem a Ele as pessoas mais marginalizadas do mundo.
Que Deus nosso Senhor, tenha misericórdia de nós e nos conduza através de seu Santo Espírito a superação de tudo aquilo que nos torna pessoas tão limitadas e ignorantes a respeito das verdades do Evangelho de Cristo.
Rev. Arc. Antônio Ryscak
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